NOTÍCIA | GUERRA DECLARADA

Conheça um pouco do histórico de disputas nas eleições municipais de Juara

O que a política não uniu, a política não separa

Por: Redação Show de Notícias
Publicado em 13 de Novembro de 2020 , 18h36 - Atualizado 14 de Novembro de 2020 as 07h17


Arquivo Show de Notícias

No histórico de disputas eleitores Juara sempre teve dois lados políticos bastante antagônicos, com eleições disputadas voto a voto, bate boca, muitas acusações de ambos os lados, promessas não cumpridas e até agressões físicas.  

Para quem vê de longe, no caso o eleitor, tem a impressão que eles nunca vão se unir, mas a eleição de 2020 está mostrando um outro lado dos nossos políticos, a união desses dois grupos em torno de um candidato e a presença de Oscar Bezerra e Priminho Riva juntos nessa campanha.

Desde as primeiras eleições, Juara sempre foi dividida na política, mas se acirrou em 1992, quando o ex-deputado o ex-prefeito José Riva disputou a eleição com o tio de Oscar Bezerra, Aparecido Pinotti, que pertencia ao grupo de Zé Paraná, ao qual o Riva também pertenceu.

Naquele ano, uma promessa da construção de mil casas populares, que jamais foi cumprida, e uma panfletagem na cidade no dia das eleições, onde ofensas, jogo sujo, colocando pessoas e candidatos na boca do povo, com as piores acusações, mexendo com famílias e vida pessoal de muita gente, principalmente de candidatos.

As eleições de 1996, 2000, transcorreram até num clima de tranquilidade e foram vencidas por Priminho Riva, o único que conseguiu dois mandatos consecutivos, mas, foi em 2004, depois da morte de Zé Paraná, surgiu um menino chamado Oscar, neto do saudoso José Alves Bezerra, ex-prefeito de Porto dos Gaúchos, filho de Orivaldo Bezerra, ex-vereador de Porto dos Gaúchos, sobrinho de Aparecido Pinotti e, postulante a herdeiro do trono de José Pedro Dias.

Esse menino era Oscar Bezerra, que tinha pretensões de entrar para a política, mas os nomes fortes para prefeito daquele ano eram Nei Drogas e Edson Piovezan, o que sobraria para ele então, seria uma possível candidatura a vereador, quiçá, a vice-prefeito, porém, quis o destino que uma disputa na convenção do PPS, partido de Edson Piovezan, fez com que o rei do gado desistisse e sobrou então para o menino Oscar ser o candidato a prefeito, com a matriarca do grupo, Nilza do Carmo Dias, viúva de Zé Paraná, como sua candidata a vice-prefeita.

O ilustre filhinho de papai, como era chamado, nascido em berço de ouro, tornou-se então, o ‘Homem do Poste” ou o 40, número do seu partido ou ainda, Seu Oscar.

O menino Oscar ganhou as eleições, numa briga ferrenha com seus adversários, em um pleito que teve xingamentos, ofensas e muita guerra de bastidores. Em um dos comícios, Oscar mandou uma celebre frase que machucou muito seu adversário, falando do nome do candidato Nei, que sempre foi chamado de Nei Drogas, por causa do seu ramo comercial e o candidato de oposição disse em um comício: “Olha aí gente, o homem nem nome tem, é Drogas, Nei Drogas”.

O então deputado Riva, irmão de Priminho Riva, era o alvo preferido de Oscar Bezerra, que levava um “porrete” nos palanques em um dia e ficava com outro encomendado para o dia seguinte, sempre destacando as trapalhadas na AL e suspeitas de roubos.

Oscar venceu as eleições por uma boa margem de votos, mas uma de suas principais promessas, a aquisição de 10 patrolas, nunca se cumpriu.

Com o apoio do pecuarista Edson Piovezan, que adquiriu máquinas, financiadas em seu nome, locou para a prefeitura e com o dinheiro do aluguel pagava as parcelas, e no final doou o maquinário para o município, Oscar conseguiu fazer um bom mandato e foi para a reeleição em 2008 confiante na vitória, contra um adversário praticamente desconhecido, Alcir Paulino, na época cunhado do ex-prefeito Priminho Riva.

 

 

 

Na eleição de 2008, Oscar Bezerra se recandidatou para um segundo mandato e teve como adversário o empresário do ramo madeireiro e cunhado do ex-prefeito Priminho Riva, Alcir Paulino.

A campanha eleitoral transcorreu no clima das anteriores, como muitas acusações de ambas as partes e uma guerra de bastidores. A reeleição de Oscar Bezerra era tida como “favas contadas”, tanto que, faltando apenas uma urna, que estava instalada em uma aldeia indígena, para a totalização dos votos, Bezerra estava à frente e não contava mais com a derrota, tanto que seus apoiadores já desfilavam pelas ruas e avenidas principais da cidade, comemorando a vitória. Até o ex-prefeito Aparecido Pinotti foi detido por suposta prática de boca de urna.

 

Mas, de repente veio um banho de água fria, a urna poderia conter votos que poderiam dar a vitória para Alcir Paulino. Foi a gota d´água, as comemorações foram suspensas e os apoiadores de Bezerra se concentraram nas proximidades do fórum, onde está sendo feita a totalização dos votos, e, usando carros de som, gritando palavras de ordem, ameaçavam até invadir o prédio da justiça.

Um reforço policial foi chamado, a Polícia se postou em frente ao Fórum para proteger o imóvel e as autoridades que estavam em seu interior, aguardando a totalização dos votos e o resultado final da eleição.

O juiz eleitoral da época, Dr. Douglas Bernardes Romão, teve paciência e aguardou até que os ânimos se acalmassem do lado de fora, para dar o resultado, que no final a vitória de Alcir Paulino por apenas 12 votas a mais do que Oscar Bezerra foi anunciada e a partir de então, começou outra guerra política.

A Polícia Federal foi acionada, já que a coligação de Oscar Bezerra denunciava que havia fraude nas eleições e colocava em suspeita a comunidade indígena, que havia votado praticamente 100% em seu adversário, o que ocasionou a virada no resultado do pleito em Juara.

Uma nova guerra foi instalada, os índios foram acusados, a suspeita e o clima de tensão foi instalado na cidade, com dúvidas sobre a possibilidade de Alcir não tomar posse e haver uma nova eleição.

O tempo passou, a Polícia Federal investigou e os quatro anos transcorreram em clima de guerra, principalmente, por que na eleição de 2010, Oscar não pode se candidatar a deputado estadual por estar inelegível, colocou sua esposa, Luciane Bezerra, que foi eleita e virou companheira de José Riva na Assembleia Legislativa de Maro Grosso, em uma grande vitória de Oscar Bezerra.

Eis que veio o pleito de 2012, Alcir Paulino se recandidatou, a presidente da Câmara de Vereadores, Cida Félix também foi candidata, o empresário Nei Drogas também disputou o pleito, todos enfrentando o ex-prefeito Oscar Bezerra, que concorreu com registro de candidatura indeferido pela justiça eleitoral.

No final das eleições, Oscar Bezerra venceu o pleito, totalizando mais de 50% dos votos, mas não pode tomar posse por ter concorrido inelegível, seus votos não foram computados e o presidente da Câmara, eleito em 01 de janeiro de 2013, Lorão Macarena, acabou assumindo o comando do município.

Após um período de tensão, devido a tantas possibilidades colocadas, de que Oscar reverteria a seu favor e tomaria posse, finalmente o TER-MT – Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso marcou a data de uma nova eleição par ao dia 07 de julho.

 

 

Com 05 candidatos a prefeito, Lorão Macarena, Nei Drogas, Edson Piovezan, Léo Boy e Denilson de Brito o pleito aconteceu e teve Edson Piovezan, que tinha como candidato a vice-prefeito o vereador mais votado de 2012, Fernando Azoia, irmão da deputada Luciane Bezerra e cunhado de Oscar, venceu as eleições, tomando posse em 31 de julho daquele ano.

 

 

 

Mas, para quem pensa que o pleito foi tranquilo, esquece, numa noite de campanha, que contou com a presença do deputado estadual Dilmar Dal Bosco, do DEM, que apoiava o empresário Nei Drogas, houve um encontro nada amistoso entre Oscar Bezerra e o parlamentar, que foi agredido com uma bordunada (borduna é arma indígena), tendo um dedo fraturado e o caso acabou indo parar na delegacia, já que houve a detenção do ex-prefeito Oscar Bezerra.

Em 2014 Oscar se elegeu deputado estadual, em substituição a sua esposa Luciane, sem muitos atropelos e em 2016 a disputa pela prefeitura de Juara, foi entre a ex-deputada e o empresário Pedro Cobo, em um pleito relativamente tranquilo.

O vice de Luciane Bezerra foi o atual prefeito Carlos Sirena, que em 2018 acabou assumindo o mandato em substituição a prefeita, que foi cassada pela Câmara de Vereadores, num período de muita tensão na cidade, devido as investigações do Ministério Público e Poder Legislativo Municipal.

Carlos conseguiu dar uma nova cara para a política local, sem retaliações aos adversários ou benefícios aos seus companheiros.

Como Oscar Bezerra e Priminho Riva ficaram fora do leito, esperava-se uma campanha eleitoral tranquila, mas, com o advento das redes sociais e recentes declarações de Oscar Bezerra contra o candidato a vice de Carlos Sirena, por intolerância religiosa, o clima voltou a ficar tenso.

Espera-se, que, no domingo, dia 15 de novembro, os eleitores e candidatos comportem-se de maneira cívica e cordial, cada um defendendo o seu candidato, mas respeitando o adversário.

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JUARA MATO GROSSO



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