Carcinicultura estimula a economia no Nordeste
A fase de engorda é a segunda etapa do desenvolvimento de produção e é considerado o passo de crescimento do camarão.
A prática de criar camarão em cativeiro, também conhecida como carcinicultura, é uma atividade muito difundida no território brasileiro, especialmente no Nordeste. No ano de 2020, esta região respondeu por 99,6% da produção de camarão do Brasil, liderado pelo Rio Grande do Norte e Ceará. Quando o assunto é exportação, os principais compradores do camarão brasileiro são os Estados Unidos, China e Hong Kong.
Uma delegação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), acompanhada por representantes dos setores de Aquicultura e Pesca (SAP), Defesa Agropecuária (SDA), Política Agrícola (SPA) e Agricultura Familiar e Cooperativas (SAF) estiveram no início do mês de junho, com pequenos e grandes produtores da região do Rio Grande do Norte. A principal finalidade da visita foi conhecer as reais necessidades do setor pesqueiro e discutir soluções para as cadeias produtivas do atum e do camarão.
Na cidade de Pendências, a 195 km de Natal, está localizada a Fazenda Potiporã, considerada a maior fazenda de engorda do camarão no Brasil. São 1200 hectares com 86 criadouros de crustáceos, 60 berçários e 35 km de canais, o que resulta em uma produção aproximada de 800 toneladas de camarão por mês. A empresa também detém o título de maior indústria de beneficiamento e processamento de camarão, e seus produtos são vendidos em todos os estados brasileiros, de Porto Alegre a Manaus.
Um dos desafios do setor, disse o proprietário da fazenda em entrevista ao site oficial do Mapa, Cristiano Maia, é estimular o aumento do consumo de camarão entre os brasileiros. “Os brasileiros comem pouco crustáceos. Houve um pequeno aumento no consumo recentemente devido aos grandes restaurantes que estimulam o consumo. São produzidos algo em torno de 150 mil toneladas por ano, e as pessoas, em média, consomem apenas 600 gramas por ano”, disse Cristiano.
Colaboradora da empresa há 14 anos, a gerente Any testemunhou o aumento e o desenvolvimento do setor muito de perto. Conforme relatou para o site do Mapa, 60% dos funcionários da empresa são mulheres. “Tenho muito orgulho de ver as mulheres andando de moto para o trabalho. Hoje, elas são independentes financeiramente, e a cidade vive e respira Potiporã, porque tudo depende disso”, disse emocionada a gerente.
Na Fazenda Papeba, no Rio Grande do Norte, está localizada a propriedade da empresária Silvana Pereira, engenheira de pesca, que trabalha com a sua mãe na engorda do Litopenaeus vannamei, uma espécie de camarão marinho cultivado no Brasil a partir da década de 1980. Desde 1996, ela começou a criar camarões, quando seu pai era Ministro da Agricultura e estava realizando estudos sobre a qualidade do estado do Rio Grande do Norte e conheceu a cultura do camarão.
Para o site do Mapa, Silvana informou que, “Começamos com 20 e depois compramos mais 5 hectares. Até 2004 foi uma produção sempre crescente, com boa produtividade, mas, deste ano até os dias atuais, devido às doenças que afetaram a produção animal, constatamos um declínio”, disse.
As fazendas inicialmente compram as pós-larvas dos animais, ou seja, os camarões ainda jovens, de laboratórios especializados e começam a aclimatação em um viveiro ou berçário. Para ser vendido, o camarão precisa atingir um peso superior a 10 gramas, que é quando começa a chamada fase de engorda. A fase de engorda é a segunda etapa do desenvolvimento de produção e é considerado o passo de crescimento do camarão.
Silvana disse que costuma levar de 70 a 80 dias para cultivar camarões com peso médio entre 10 e 12 gramas. A próxima etapa após a engorda é a colheita, quando toda a água é drenada para recolher os camarões do tanque, os camarões são sempre vendidos inteiros. Para completar o ciclo, o tanque “descansa” por um período para receber mais crustáceos, e então todo o processo recomeça.
Entre os desafios dos produtores de camarões, a empresária e engenheira destacou os altos preços do principal insumo, a ração animal, além dos desafios ambientais. “É uma atividade que precisa sair do estado onde é agressor ao meio ambiente para o status que, na verdade, é uma atividade geradora de recursos, como empregos e renda”, explicou Silvana.
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