Amigos de Temer e 8 suspeitos de corrupção deixam a prisão
Dois amigos de Michel Temer, políticos e empresários foram presos suspeitos de envolvimento em esquema de vantagens ilegais no porto de Santos (SP)
Após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, os dez presos temporários durante a Operação Skala, da Polícia Federal, foram soltos ao longo da madrugada deste domingo (1º) e passam a Páscoa em casa.
A informação foi confirmada pela Superintendência Regional da PF em São Paulo, onde se encontravam nove dos dez presos. A 10ª detida, a empresária Celina Torrealba Carpi, sócia do grupo Libra, também foi solta. Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, ela deixou a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, à 1h40 de hoje.
A Polícia Federal cumpriu na quinta-feira (29) 10 de 13 mandados de prisão temporária solicitados pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e autorizados pelo minstro Barroso, que é relator no STF do chamado Inquérito dos Portos. Três pessoas não foram presas por estarem fora do país, mas já manifestaram que irão se apresentar à PF no retorno ao Brasil, segundo a PGR.
Todos são suspeitos de participar de um esquema de vantagens ilegais que funcionaria no Porto de Santos (SP) há mais de 20 anos. O presidente Michel Temer é um dos investigados.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal querem saber se o presidente assinou o Decreto dos Portos, em maio de 2017, para favorecer empresas do setor portuário em troca de propinas pagas em benefício pessoal e de doações eleitorais a seu partido, o MDB. Temer nega as acusações e diz que a operação possui interesses eleitoreiros com objetivo de "destrutir sua reputação".
assessor do presidente Michel Temer, José Yunes; o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da estatal paulista Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) Wagner Rossi; o presidente do Grupo Rodrimar, Antônio Celso Grecco; a empresária Celina Torrealba, uma das proprietárias do Grupo Libra, que também atua no ramo portuário; e o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer.
No pedido feito a Barroso em que solicita a revogação das prisões, Raquel Dodge alega que as medidas cumpriram o objetivo legal da operação, que era colher o depoimento dos investigados e realizar ações de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos.
Na decisão em que acolhe o pedido e libera os detidos, Barroso escreveu que “tendo as medidas de natureza cautelar alcançado sua finalidade, não subsiste fundamento legal para a manutenção das medidas, impondo-se o acolhimento da manifestação da Procuradoria-Geral da República”.
Um dos depoimentos mais aguardados, no entanto, não aconteceu. A PF e o MPF não conseguiram ouvir o coronel Lima. Na sexta, seu advogado informou que o suspeito não tinha condições físicas e emocionais para responder às perguntas dos investigadores. Os agentes tentam ouvi-lo há nove meses.
Entre as suspeitas que pesam contra o coronel estão o suposto repasse de R$ 1 milhão por executivos da JBS para campanha de Temer à vice-presidência em 2014. A grana teria sido entregue na sede da Argeplan, empreiteira que tem o coronel como sócio.