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Riva diz que eleições da Mesa custaram ao menos R$ 38 milhões

Informações constam em proposta de delação premiada enviada ao Ministério Público Estadual

Por: Mídia News/Cíntia Borges da Redação
Publicado em 08 de Outubro de 2019 , 08h10 - Atualizado 08 de Outubro de 2019 as 08h48


Mídia News

No documento que seria sua proposta de delação premiada, o ex-deputado estadual José Riva revelou que nos 20 anos em que esteve no Legislativo ao menos R$ 38 milhões foram pagos em propina a parlamentares para a "compra" da eleição da Mesa Diretora.

 

Desde que entrou no Legislativo em 1995 até sua saída da vida pública, Riva sempre ocupou cargos da Mesa Diretora. Quando não presidente, foi como primeiro-secretário, segundo maior posto, que é responsável pelas finanças do Legislativo.

 

A informação consta em documento que teria sido encaminhado à procuradora de Justiça Ana Cristina Bardusco, chefe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), no dia 27 de março deste ano. O documento, sigiloso, vazou nesta semana.

 

No documento, ao qual o MidiaNews teve acesso, Riva revela que chegaram a ser gastos R$ 10 milhões para a eleição da Mesa para o biênio 2013-2015. Isso porque, com a deflagração da Operação Ararath, da qual o ex-deputado foi alvo, havia rumores de que ele poderia ser afastado do cargo. Por isso, sua eleição teria custado mais caro que das outras vezes.

 

“O colaborador pode assegurar que essa foi a eleição para Mesa Diretora que mais utilizou recursos escusos – foram gastos cerca de R$10.000.000,00 – uma vez que os deputados exigiram maior propina para eleger o colaborador, que estava com sua imagem desgastada pela possibilidade de afastamento por decisão judicial”, consta no documento.

 

Neste período, Riva conseguiu novamente o cargo na presidência do Legislativo. Como vice-presidente, ocupou o cargo deputado Romaldo Júnior. A Primeira Secretaria ficou com Mauro Savi.

 

Segundo Riva, teriam sido pagos a um grupo de oito parlamentares daquela legislatura o montante de R$ 800 mil a cada. São eles: Ezequiel Fonseca, Ademir Brunetto, Guilherme Maluf, Wagner Ramos, Wallace Guimarães, Walter Rabello (falecido), Zé Domingos Fraga e Antônio Azambuja (o qual teria dividido o valor com o deputado Mauro Savi a título de empréstimo).

 

Para os então deputados Sebastião Rezende, Baiano Filho, Nilson Santos, Airton Português, Luiz Marinho, João Malheiros e Dilmar Dal’Bosco foram pagos R$ 400 mil a R$ 500 mil, disse Riva.

 

Segundo o ex-parlamentar, para a eleição desta Mesa foram usados recursos levantados por meio de empréstimos junto a uma factoring. “A quitação dessa dívida se deu por meio de recursos desviados da ALMT, utilizando as empresas”, consta em documento.

 

Outras legislaturas

 

Conforme o ex-presidente do Legislativo, foram gastos entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões em cada uma das oito as eleições da Mesa Diretora ocorridas entre anos de 1997 e 2011.

 

Para o biênio 1995-1997, ano em que Riva entrou para o Legislativo, ele não cita o montante gasto. No entanto, afirma que soube do pagamento de ilícitos a parlamentares.  Neste período, ele ocupou o cargo de primeiro-secretário, composição que sua sigla à época, o Partido da Mobilização Nacional (PMN), pleiteou.

 

Para o biênio seguinte, 1997-1999, Riva afirma que houve pagamento na ordem de R$ 2 milhões. Nesta eleição, ele foi eleito pela primeira vez presidente da Assembleia, tendo como primeiro-secretário o deputado Romoaldo Júnior.

 

Em 1999, Riva conseguiu a reeleição, tendo como primeiro-secretário Humberto Bosaipo. Ele revela que foram gastos R$ 3 milhões neste pleito, pagos a 11 parlamentares.

 

Segundo Riva, o montante foi levantado junto à factoring do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, posteriormente pago com recursos desviados da Assembleia.

 

Para a Mesa Diretora de 2001-2003 e 2003-2005, foram pagos R$ 3 milhões em propina. Conforme Riva, parlamentares receberam entre R$ 200 mil a R$ 250 mil cada.

 

Em cada eleição nos biênios 2005-2007 e 2007-2009, foram pagos aproximadamente R$ 4 milhões. Conforme Riva, esses recursos foram levantados junto à factoring do empresário Valdir Piran e seu irmão Valcir Piran. Neste período, Riva ocupou cargo na primeira-secretaria.

 

No biênio 2009-2011, Riva - eleito presidente - afirma que levantou junto com o Sergio Ricardo, primeiro-secretário, R$ 4 milhões com diversas factorings. Na ocasião, a propina era de R$ 300 mil a R$ 350 mil por parlamentar, diz. 

 

No biênio 2011-2013, o ex-parlamentar revela que foram gastos aproximadamente R$ 5 milhões, pagos a 12 parlamentares.  

 

Já na eleição de 2015, Riva - já fora da Assembleia - disse que teve conhecimento de uma negociação com deputados envolvendo dinheiro, mas não soube especificar o valor. Segundo Riva, até imóveis foram entregues a dois parlamentares em troca de voto.

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