Condenada já recebeu quase R$ 500 mil do INSS de pensão pela morte do marido que mandou assassinar
Professora Eliana Freitas Areco Barreto ganha R$ 4,2 mil mensais em benefício relativo ao empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, com quem foi casada até encomendar o homicídio do companheiro
Condenada a 21 anos de prisão por homicídio, a professora Eliana Freitas Areco Barreto, de 56 anos, recebe uma pensão mensal, atualmente no valor de R$ 4.238,56, pela morte do marido que ela mesma mandou assassinar. O benefício vem sendo concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde o óbito do empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, então com 48 anos, em junho de 2015, e seguiu sendo pago mesmo após a condenação pelo Tribunal do Júri de São Paulo, em dezembro de 2020. Até agora, já foram repassados pela Agência da Previdência Social de Guaratinguetá exatos R$ 457.764,48 — dinheiro que cai numa conta-corrente individual que Eliana mantém no Banco Mercantil do Brasil.
Casada com Luiz Eduardo, ela manteve uma relação extraconjugal por 12 anos com o inspetor de segurança Marcos Fábio Zeitunsian. Em 2014, Eliana rompeu com o amante e mudou de cidade com a família. “Quis dar uma chance ao meu marido e aos meus filhos. Mas reencontrei Marcos em uma rede social e resolvemos reatar”, contou a ré no tribunal. Após a sentença, Eliana foi transferida para a Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior paulista.
O empresário foi morto a tiros quando voltava de um almoço, em uma travessa da Avenida Luis Carlos Berrini, no Brooklin, área nobre paulistana, o que levou o caso a ficar conhecido como "crime da Berrini". O casal vivia no Vale do Paraíba, mas a vítima trabalhava na capital.
A condenada solicitou o benefício de pensão por morte previdenciária, destinado aos dependentes de um segurado falecido para garantir a subsistência da família. O valor é calculado com base na aposentadoria que o morto recebia ou teria direito, seguindo a regra de 50% do valor, acrescido de 10% por dependente. O tempo de recebimento varia conforme a idade e o tempo de contribuição do segurado, podendo ser temporário ou vitalício para cônjuges. Filhos e irmãos recebem até os 21 anos, salvo casos de invalidez. Para obter o benefício, é necessário comprovar o vínculo com o falecido e que ele estava na qualidade de segurado no momento da morte.
Ao solicitar o benefício, Eliana declarou que um dos seus filhos era menor de idade na época do crime e dependia do pai, aumentando o valor da pensão. “Tenho dois filhos. Recebo cartas só de um deles. O outro ficou triste porque eu mandei matar o pai dele”, disse a assassina a uma psicóloga da prisão durante o exame criminológico. Em seu julgamento, a professora já havia confessado ser mandante da morte do marido. “Mandei matar porque não queria que ele sofresse com a nossa separação”, justificou durante interrogatório ao juiz.
Procurado pelo GLOBO, o INSS confirmou que Eliana recebe a pensão. Em nota, o órgão do governo federal pontuou que, “no momento da solicitação do benefício, e pelos documentos apresentados, não há como detectar se a beneficiária foi a causadora da morte do instituidor da pensão”. “O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, avalia que é preciso criar uma normativa para que esses casos sejam analisados”, acrescenta o texto enviado pelo órgão. O blog não conseguiu contato com a defesa de Eliana.
O julgamento ocorreu em dezembro de 2020. Inicialmente, ela foi condenada a 24 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, dissimulação e pagamento pelo crime. Em 2022, após recurso da defesa, a pena foi reduzida para 21 anos, 4 meses e 15 dias. Marcos recebeu a mesma condenação, enquanto o pistoleiro Eliezer Aragão da Silva, o executor, foi sentenciado a 18 anos de prisão.
Em fevereiro de 2025, a Justiça concedeu uma nova redução de pena a Eliana, abatendo 16 dias por leitura de quatro livros na prisão: "Inocêncio e o Início da Jornada", de Valdi Ercolani; "Longe Como o Meu Querer", de Marina Colasanti; "A Metamorfose", de Franz Kafka; e "A Febre do Amanhecer", de Péter Gardos. Os livros abordam temas variados, desde narrativas filosóficas e transformações pessoais até histórias de amor e superação. Atualmente, Eliana cumpre pena em regime semiaberto.
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